ATA DA DÉCIMA SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.07.1989.
Aos cinco dias do mês de julho do ano de mil novecentos e oitenta e nove
reuniu-se na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Décima Segunda Reunião Ordinária da Primeira Comissão
Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos
foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo
Correa, Artur Zanella, Flávio Koutzii, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta,
Lauro Hagemann, Luiz Machado, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira
da Cunha, Titulares, e Cyro Martini, Dilamar Machado, Heriberto Back, José
Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, e Mano José, Não Titulares.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos, solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho
da Bíblia e determinou ao Sr. Secretário que procedesse à leitura da Ata da Décima
Primeira Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Décima Reunião
Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01
Pedido de Informações; pelo Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Providências; pelo
Ver. Mano José, 01 Pedido de Providências. Ainda foi apresentado à Mesa o
Projeto de Decreto Legislativo nº 16/89 (processo 1927/89), que autoriza o Sr.
Prefeito Municipal de Porto Alegre a afastar-se do Estado, no período de 06 a
09 de junho do corrente ano. Do Expediente constaram:
Ofícios nºs 01/89, da Comissão Externa para averiguar sabotagens nas empresas
de transporte coletivo sob intervenção; 36/89, da Prefeitura Municipal de
Estrela; 182/89, da Câmara Municipal de Redentora-RS; 230/89, da Câmara
Municipal de São Lourenço do Sul; 291/89, da Secretaria dos Transportes do
Estado; 894/89, do Presidente da SOGIPA; s/nº, da Associação de Medicina de
Grupo do RGS; do Cônsul da Itália, Sr. Vittorino Rotondaro; do Sr. Ney Boletto
Santos; da Comunidade Evangélica de Porto Alegre; e Circular nº 006/89, da
Câmara Municipal de Jóia-RS. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Adroaldo Correa discorreu
sobre a atuação da Comissão Externa desta Casa instalada para averiguar
sabotagens nas empresas de transporte coletivo sob intervenção, lamentando a prática
usual de sabotagem, especialmente no que se refere ao cumprimento dos
benefícios dos trabalhadores. Falando sobre a questão da política do transporte
coletivo, asseverou que essa deve ser de benefício aos usuários. O Ver. Artur
Zanella, comentando solicitação de autorização para viagem do Sr. Prefeito
desta Cidade, questionou a atuação do Governo Municipal nestes últimos seis
meses; e afirmou que este Legislativo deveria vincular a votação do pedido do
Sr. Prefeito ao envio de Projeto estabelecendo o reajuste dos salários dos
funcionários públicos municipais e do resíduo restante da última
bimestralidade. O Ver. João Dib contraditou declarações do Sr. Prefeito
Municipal e da sua equipe acerca dos encargos da Prefeitura com a Folha de
Pagamento do funcionalismo, afirmando que tais encargos não ultrapassam a
sessenta por centro do orçamento. Asseverou que esta Casa deve vincular a
votação da autorização para viagem do Sr. Prefeito à remessa de projeto
estabelecendo quando e como será pago o resíduo devido e reajuste bimestral ao
funcionalismo público municipal. O Ver. João Motta, discorrendo sobre a
retirada do projeto que dispõe sobre o pagamento do resíduo da bimestralidade
ao funcionalismo municipal, pelo Sr. Prefeito, afirmou que tal atitude se esteira
na necessidade de discussão com o sindicato da classe – o SIMPA. Lembrou que
esse Sindicato realizou eleições recentemente e deve empossar brevemente a nova
Diretoria, asseverando que a atual Administração da Prefeitura de Porto Alegre
tem por posição política ouvir os trabalhadores. Criticou, ainda, a política
salarial do governo municipal de Canoas, do PDT, enfatizando que, em outra
oportunidade, discorrerá com fatos relevantes o que vem ocorrendo naquela
cidade. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Decreto Legislativo nº
16/89 que, após ter sido discutido pelos Vereadores Vieira da Cunha, João
Motta, Luiz Machado e João Dib, e encaminhado à votação pelos Vereadores Artur
Zanella e Omar Ferri, foi aprovado, tendo o Sr. Presidente registrado os votos
contrários dos Vereadores João Dib e Vieira da Cunha, e a abstenção do Vereador
Artur Zanella. Ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. João
Motta, solicitando que o Projeto de Decreto Legislativo nº 16/89 seja
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data; do Ver. João Dib de Voto de Congratulações
com o Engº Darvin Ribas pela eleição para Presidente do Sindicato dos
Municipários; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com o
Vereador Agustinho Ermes de Lima por sua eleição como Presidente da Associação
de Câmaras do Planalto Médio – ACAVEPLAM; com o Cel. Wilton Pontes Carpes, Comandante
do Corpo de Bombeiros, pela passagem do Dia do Bombeiro; com Irineu Epier por
sua posse como Presidente do Rotary Club Alto Petrópolis; do Ver. Vicente
Dutra, de votos de Congratulações com o Secretário Arquidiocesano de Pastoral e
a Arquidiocese de Porto Alegre por promoverem o encontro de palestrar sobre a
Droga e o Drogado; do Ver. Vieira da Cunha, com o Jornal do Povo pela passagem
dos seus sessenta anos de circulação. Durante esse período, o Sr. Presidente
respondeu à Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca de viagem do Sr.
Prefeito e assessores à Europa. O Sr. Presidente registrou, também, a presença
do Edil Aníbal Glodofsky, Presidente da Junta Departamental de Montevidéo –
Uruguai, e da Professora Flora Pechansky e alunas do Curso de Magistério do
Instituto de Educação Flores da Cunha. Em prosseguimento, o Sr. Presidente
concedeu a palavra ao Edil Aníbal Glodofsky, que agradeceu a acolhida e
discorreu sobre os objetivos de sua visita a esta Cidade. Em COMUNICAÇÕES, o
Ver. Luiz Machado discorreu sobre a reunião ocorrida na comunidade “Barro
Vermelho”, na Restinga, quando a Diretora do DEMHAB, Sra. Lires Marques, teria
garantido àquela comunidade a cedência de área para a construção do Centro
Comunitário da Restinga, com verba da SEAC. Lamentou as exigências formuladas
por aquela Diretora vinculando a urbanização de uma área de vinte e três mil
metros quadrados pela SEAC para a liberação da referida área para construção do
Centro Comunitário. E questionando a falência da Empresa de Transporte Coletivo
Belém Novo, sugeriu que fosse encampada tal empresa pela Prefeitura Municipal
de Porto Alegre. O Ver. Omar Ferri, abordando a questão dos transportes
coletivos e comentando averiguações feitas pela Comissão Externa que trata
desse assunto, denunciou ocorrências irregulares em diversas empresas. Leu
matéria do Jornal Folha Popular, acerca desse tema, e afirmou que este
Legislativo Municipal, que tem por defesa o bem público, deve denunciar tais
desvios. O Ver. João Dib comentou visitas feitas por Parlamentares da Casa a
empresas do transporte coletivo sob intervenção municipal. Discorreu sobre a
situação apresentada por esse serviço de transporte, declarando que a
intervenção no setor já se prolonga em demasia. Criticou a atual administração
municipal, questionando afirmações de que estariam ocorrendo sabotagens nos
ônibus que atendem a população. Solicitou dos Vereadores cautela nas acusações
feitas ao empresário local. O Ver. Vieira da Cunha disse que o Executivo
Municipal não vem cumprindo as leis municipais, sendo dever desta Casa a
fiscalização quanto ao assunto. Comentou o resíduo salarial ainda devido aos
municipários, ressaltando projeto a respeito, enviado à Casa e posteriormente
retirado. Esclareceu que votará contrariamente a licenças para viagens do Pref.
Olívio Dutra, como o fez hoje, enquanto não for resolvida a questão do
funcionalismo municipal. Falou sobre a intervenção pública ocorrida nos
transportes coletivos da Cidade. O Ver. Flávio Koutzii falou da visita feita
por Parlamentares às garagens das empresas do transporte coletivo sob
intervenção municipal, visando a averiguação de denúncias de demissões de
funcionários da VTC e da Trevo e de possíveis fenômenos de sabotagens. Analisou
a situação dos funcionários dessas empresas, destacando a importância de que o
interventor seja capaz de estabelecer organização, disciplina e, também, uma
relação adequada com os funcionários, o público e as esferas políticas, a qual
viabilize o bom êxito da intervenção. Atentou para as diversas irregularidades
que estão sendo verificadas nas empresas sob intervenção municipal. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz declarou ter participado das visitas
efetuadas pela Casa a empresas do transporte coletivo sob intervenção
municipal. Analisou a forma como essa intervenção vem sendo conduzida,
ressaltando, em especial, o aumento concedido aos funcionários e o
não-recolhimento do ISSQN e do IAPAS. Relembrou a época de vigência do
Prodescol, que possibilitava o uso do ISSON para renovação de frotas, sugerindo
seu retorno. Alertou que a tarifa hoje vigente na Cidade não viabiliza a
continuidade desse serviço. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Cyro Martini leu e comentou
“A Pedido” divulgado pela imprensa, de autoria de funcionários do Departamento
de Trânsito, DETRAN/RS, intitulado “Agentes burocratas”, onde esta refletida a
indignação desses funcionários com relação a informações que vem sendo
formuladas, contrárias aos serviços por eles prestados. Atestou a
responsabilidade com que os funcionários do DETRAN executam seu trabalho,
criticando Emendas à Constituição Estadual, apresentadas pelo Dep. José
Fortunati, onde, segundo uma, o serviço de trânsito seria realizado pela
Brigada Militar e, conforme outra, por autarquia estadual criada para esse fim.
Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às doze
horas e vinte e cinco minutos, comunicando que amanhã não haverá Reunião
Ordinária da Comissão Representativa, em razão do Encontro de Presidentes de
Câmaras Municipais de Capitais de Estados, e convocando os Senhores Vereadores
para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e
secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro
Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida
e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passa-se ao período das
COMUNICAÇÕES
Primeiro orador inscrito, Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou aproveitar a
inscrição na ordem alfabética nesta quarta-feira de Reunião Representativa que
me coloca em primeiro lugar para relatar, aqui, da visita que fizemos, a
Comissão Externa de Vereadores da Câmara Municipal, a diversas empresas de
ônibus sob intervenção nesta Cidade. Não em todos os detalhes, que de certo
serão objeto do relatório do Ver. Clóvis Brum, que é o relator da Comissão, mas
em parte e, principalmente, naquilo que não nos surpreendeu, mas nos foi de
alguma forma corroborada
por funcionários da própria empresa, que é a evidência não apenas das
questões escritas e assinadas por alguém interessado, eventualmente o Prefeito
ou o Administrador da intervenção, mas pelos próprios funcionários
trabalhadores anteriormente, há muitos anos nas empresas e que hoje,
continuando nas empresas, comprovam aquela realidade. Temos objetivamente a
comprovação, por testemunho de pessoas trabalhadoras da Empresa VTC, da Empresa
Trevo, da Empresa Sopal, nestas, foram, com todas as palavras ditas, a prática,
contumaz useira e vezeira do pagamento por fora de numerário aos trabalhadores
numa pretensa melhoria salarial dos trabalhadores, mas numa lesão a todos os
direitos conquistados por esses trabalhadores, no que seja o seu direito à
previdência social, no seu direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
sobre os salários recebido e, obviamente, nos demais direitos decorrentes do
recolhimento de imposto pago, via imposto de renda e outros decorrentes da
folha de pagamento como salário-educação e por aí.
Então, isto particularmente nos leva a crer que
esta Comissão, considerando outras denúncias que até motivaram a criação desta
Comissão, deve também ouvir os permissionários dessas empresas. Aqueles que
ameaçaram que a tarifa não sendo elevada parariam o transporte em Porto Alegre
por falta de condições de operar, aqueles devem ser chamados a esta Comissão
Especial para explicar. Senão a CPI que talvez se encarregue de fazer essas
investigações para explicar a prática usual de pagamentos por fora aos
trabalhadores, evidenciando que naquele momento e por muito tempo se constituía
o assalto primeiro ao erário municipal, segundo e por duplamente onerado o
trabalhador em seus direitos, que fez parte dos depoimentos e fará parte com
certeza do relatório do Ver. Clóvis Brum, que é o relator da Comissão e,
objetivamente, nos interessará, no acompanhamento da Comissão, como membro que
a acompanha mas que não a integra, nos interessará saber dos resultados sobre o
que esta Casa haverá de se pronunciar com certeza.
Era o que tínhamos a observar no dia de hoje e
com certeza o tempo vai nos dizer, claramente, com quem vai ficar a política de
transporte público em Porto Alegre. E, com certeza, hoje já a temos, deve ser
um serviço público de interesse do cidadão, e ortanto com a Cidade, o Município
tendo o controle deste transporte, efetivamente. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o
Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Chega a ser simbólico no dia de hoje, quando a Comissão
Representativa se reúne pela primeira vez no mês de julho, que o primeiro
documento que aparece do Sr. Prefeito Municipal seja mais uma viagem. O Sr.
Prefeito Municipal vai a São Paulo tratar de assuntos do seu partido e como
disse, mais de uma vez, quem sabe isto não seja até bom, pois em cada viagem do
Sr. Olívio Dutra, ele fecha, ele supre uma lacuna em Porto Alegre; cada vez que
ele sai, a Cidade parece que melhora mais um pouco.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faz agora seis meses da posse do
Sr. Olívio Dutra. S. Exª., nestes seis meses, fez o quê? Primeiro, paralisou
todas as obras em andamento no governo passado, paralisou a usina de gasômetro,
o ginásio municipal e algumas obras em escolas, e paralisou a Costa Gama. Eram
19 obras listadas que foram paralisadas pelo Prefeito Municipal. Algumas da
forma mais irresponsável possível, como é o caso do Ginásio de Esportes, sob a
alegação de que as depredações serão pagas pelo povo. O ginásio está lá sendo
depredado, as máquinas já saíram todas. E evidentemente, é uma questão que
terminará na justiça, onde a Prefeitura deverá, provavelmente, cobrar do
construtor esses materiais que foram roubados. E cobrar do construtor esses
materiais que foram roubados. E cobrar no sentido de colocar de novo.
Em compensação, tenho certeza de que o construtor também entrará na
justiça para cobrar a paralisação da obra que, evidentemente, traz prejuízo a
qualquer um que faz um trabalho desse tipo. Em termos dos CIEMs, não se precisa
nem discutir. Ao pretexto de atender mais de 40 mil excedentes em Porto Alegre,
que aparentemente não existiam, porque o aumento de vagas no Município, de
acordo com a própria Prefeitura chegou em torno de 10 mil. Terminou-se com
aquela experiência não deixando nenhum, nem para testar o sistema; as creches,
principalmente as da Vila Restinga, ou estão pela metade ou paralisadas, com
funcionários administrativos de outras instituições, em desvio de função. A
Beira-Rio, aprovada por esta Casa inexplicavelmente continua fechada nos finais
de semana, neste final de semana fechada, provavelmente por alguém que gosta de
frio aproveitar a Av. Beira Rio. Um novo tipo de demissão, que é o que está
acontecendo na Restinga nesse momento, demissão com a brigada militar com
ambulâncias e enfermeiros, para retirar de lá o diretor da CECORES. E continua
a ladainha, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, expressa novamente hoje, que 93%
dos recursos do Município são gastos
com funcionários, quando o Secretário esteve aqui e destruiu essa
balela. E os senhores vão ver, vão verificar no balanço do ano que vem que a
Prefeitura Municipal não gasta e não vai gastar os 98% dos seus recursos com os
funcionários. Funcionários que acabam de dar demonstração de maturidade, um
basta a uma administração de seu sindicato atrelado a partido político com a
eleição da oposição dos funcionários para presidente do Sindicato. Uma equipe
que parecia eterna no Sindicato e que o fruto desse trabalho desastroso em
termos municipais foi derrubado pelo voto secreto dos funcionários municipais.
E mais, Sr. Presidente: estou começando a desconfiar que esta Casa está sendo
vítima de fraude do Sr. Olívio Dutra. Pela lei do aumento, S. Exª teria que enviar
a esta Casa, em 60 dias, o projeto de lei tratando do pagamento do resíduo dos
76%. Efetivamente isso foi feito, mas foi retirado, sob argumento de reestudo
do assunto junto à direção do Sindicato. Os jornais de ontem, de hoje, da
semana passada, indicam claramente, pela entrevista do Sr. Secretário da
Administração, que o resíduo não vai ser pago. O Sr. Prefeito hoje, repete: não
há dinheiro para pagar o resíduo. Mas a obrigatoriedade do Projeto em 60 dias,
o espírito do encaminhamento do Projeto não era simplesmente chegar um Projeto.
Era chegar, ficar aqui e ser votado. Então, neste exato momento, o Sr.
Prefeito, efetivamente, cumpriu a Lei – mandou o Projeto –, só que o retirou e
não fala em encaminhar outro. Só encaminha pedidos de viagem. Eu até me inclino
a condicionar a viagem do Sr. Prefeito ao encaminhamento de um Projeto, para
que, enquanto ele ficar em São Paulo discutindo se vai ser o Dr. Bisol, ou o
Dr. Gabeira o Vice-Presidente do Dr. Lula, aqui nós ficarmos trabalhando em
cima de uma proposta para os funcionários, funcionários estes – espero que a
Câmara não siga este belo exemplo – que já foram avisados que não vão receber o
adiantamento do 13º salário e que não adianta nem entrar no Protocolo com o
pedido. E por que o Protocolo? Porque, antigamente, se não havia o recurso,
pelo menos aqueles que tinham maiores problemas, de doença, de escola, enfim,
recebiam o 13º. E, agora, não podem entrar nem com o Requerimento. Então, este
é o quadro que temos aí. Uma Prefeitura que não disse a que veio e que, na
minha opinião, só tem um benefício. A Prefeitura de Rio Grande, onde o Prefeito
já foi expulso, a Prefeitura de Campinas, onde o Sr. Jacó Bittar provavelmente
vai ser cassado pela Câmara de Vereadores, a Dona Erundina. O Sr. Olívio Dutra
demonstra que esta proposta que foi aceita por grande parte dos eleitores do
Brasil, ao menos tem um benefício: acabou de vez, definitivamente, com esta
imagem, e nós então não teremos a desgraça de transportar essa Administração
para o Governo Federal, com a liquidação definitiva do sonho do Sr. Lula de
ocupar a Presidência da República. Acho que é o único bem que essa
Administração está fazendo neste momento em que a Cidade está atirada, a Cidade
está largada, e, ontem, ouvi o Sr. Prefeito dizer que aquilo que não necessita
dinheiro vai bem, e o que necessita vai mal, bom, tudo precisa de dinheiro, só
a entrevista que não precisa de dinheiro; jornal rodado no DMAE não precisa de
dinheiro, porque os usuários da água pagam. Agora, o que vejo com tristeza é
uma experiência que não deu certo, e que nós teremos que aturá-la por mais três
anos e meio, pois, na data de hoje, completam-se os seis primeiros meses desta
Administração Municipal que tudo prometia e nada faz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro
Hagemann): Ver.
Clóvis Brum. Ausente. Ver. Décio Schauren. Ausente. Ver. Ervino Besson.
Ausente. Ver. Flávio Koutzii. Ausente. Ver. Isaac Ainhorn. Ausente. Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu acho que o Ver. Zanella colocou bem, era de se condicionar a
saída do Prefeito para São Paulo para tratar de assuntos políticos à remessa a
esta Casa – até por uma questão de atenção – do Projeto de Lei dando solução às
reivindicações e aos direitos, porque agora estão assegurados, o Prefeito
assinou, o Secretário da Administração assinou, o Secretário do Governo que é o
Vice-Prefeito assinou. Então, está assegurado o direito do funcionalismo da
reposição salarial entre 40, 36, 76 e 41. Eu acho até que seria assim uma maneira
de devolver ao Prefeito a deselegância com que ele tem tratado esta Casa. Nós,
no momento em que foi solicitada a retirada do Projeto, imediatamente foi-lhe
devolvido. Não houve nenhuma manifestação de nenhum dos Vereadores reclamando a
retirada do Projeto, porque se dizia que era para acertar. Mas já se passam
mais de 15 dias, eu creio que o Projeto foi retirado. O correto, o certo, era
fazer com que simultaneamente entrasse um novo Projeto e se retirasse o
anterior, ou seja, se fazer a substituição. Isso é correto, isso é o que se
esperava que a Administração fizesse. Não foi o que fez e está agindo
completamente errado.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, também tem o reajuste bimestral
correspondente a maio e junho, que deve entrar nesta Casa para que os
servidores municipais no mês de julho recebam o reajuste que deve andar na Casa
de 35 ou mais por cento. E a Administração segue dizendo que gasta 98% com o
funcionalismo. Olha, eu acho que é um desrespeito ao próprio funcionalismo, mas
também à Cidade. Se gasta 98% com o funcionalismo não teria um milhão de
cruzados novos anunciados para obras no Centro da Cidade, como se só o Centro
precisasse de obras. Mas se fosse 98% não teria este milhão de cruzados.
Então, eu acho que tem que haver um pouco mais de respeito com a
população, especialmente com o funcionalismo que, volto a dizer, é a elite do
funcionalismo público municipal no Brasil e que demonstrou, categoricamente, ao
Sr. Prefeito Municipal nessa comissão partidária que se organizou que o gasto
com o funcionalismo não passava de 60%. E eu tive oportunidade há uns dias
atrás de conversar com S. Exª, o Sr. Prefeito, e disse a ele que ele havia
assinado um documento dizendo que era 60%, já que o documento que ele
encaminhou às lideranças dando explicações dizia que o pagamento da GITE
representaria mais 8% na folha, ou seja, 750 mil cruzados, em números redondos.
Ora, se doze vezes oito dá 96, e como não eram 750 mil cruzados exatamente, mas
12 vezes 8 dá 96, o total da folha seria cerca de 9 milhões de cruzados no mês
de maio para uma arrecadação que o Secretário disse aqui que era de 15 milhões
de cruzados. Ora 9 milhões para 15 milhões é exatamente 60% de cruzados no mês
de maio para uma arrecadação que o Secretário disse aqui que era de 15 milhões
de cruzados. Ora 9 milhões para 15 milhões é exatamente 60% e o Prefeito
assinou. Volto a insistir e acho até que desrespeitando a inteligência dos
Vereadores, a inteligência dos servidores municipais ele assinou que era 60% e
desrespeita a população dizendo que são 98%. Ora, contas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores também se faz de trás para diante para recompor e foi o que eu fiz.
Na assinatura de S. Exª, o Sr. Prefeito, que deve ter lido e ainda eu disse
brincando para ele: “Prefeito o senhor é bancário e bancário tem que saber
fazer contas de juros, de percentagens, é imprescindível”. Então, é só fazer a
conta, dá 60%. Talvez fosse mesmo a idéia de vincular a ida do Prefeito a
remessa desse Projeto de Lei à Casa, estabelecendo o pagamento dos atrasados e
estabelecendo também a correção bimestral que deve ser feita. Eu entendo até
que deve ser feita sem nenhuma audiência da Câmara, é automático, já que ele
não vai dar mais do que o IPC, nem a menos, então é automático e ele na última
remessa de reajustamento ele dizia isto. Mas vamos ver se o Prefeito, aos
reclamos do funcionalismo, até sem que tenha conhecimento do meu pronunciamento
e do Ver. Zanella, ele mande a esta Casa.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu participei da Comissão que
foi às empresas de transporte coletivo e só fui numa, não fui nas outras. Eu
não gosto de pré-julgamento, acho que a coisa foi um tanto precipitada. Eu
tenho a responsabilidade de ter sido Secretário dos Transportes duas vezes e
ter sido ex-Prefeito, eu não posso assistir tranqüilamente perguntas e
insinuações, porque se eu não falar eu estarei dando cobertura para aquilo, e
se eu falar, eu estarei me colocando aparentemente contrário a determinadas
posições, e contrário ao povo, segundo dizem. Eu assisti, na Teresópolis-Cavalhada
a uma interventora que me parece competente, eu não diria o contrário, mas
competente não significa conhecer o funcionamento todo de uma empresa porque
ela não estava preparada para isso, mas ela é competente, e acho correto,
inclusive, mas não conhece. E assisti que nós falamos, nós conversamos na
frente de uma série de funcionários que eu não sei por que estavam lá, talvez
para mostrar que estavam lá, talvez para mostrar que está sobrando gente dentro
da Empresa. E eu não fui nas outras três mais porque eu não queria me
incomodar, não queria incomodar, realmente isso aí é difícil, o João Dib não
queria se incomodar, porque não foge de nada, mas eu resolvi não me incomodar.
Uma coisa no entanto ficou bem clara na primeira visita, a iniciativa privada
no transporte coletivo urbano funciona muito melhor, mas muito melhor do que o
Poder Público, aliás eu já sabia isso, eu fui Secretário dos Transportes duas
vezes, eu tive a satisfação de, em 1963, encerrar o Transporte Coletivo feito
pela própria Prefeitura, não pela Carris, pela Secretaria Municipal dos
Transportes, encerrei as atividades atendendo à determinação do mais brilhante
Prefeito que essa Cidade teve, José Loureiro da Silva, encerrei, e a última
linha que nós fizemos foi a Lomba do Primeiro. Então, hoje não foi surpresa
para mim, mas apenas ratificou aquele meu ponto de vista, que o Administrador,
a iniciativa privada administra muito melhor, tem muito mais facilidade. E até
a prova é que lá estavam tantos funcionários nos corredores que numa Empresa
privada não estariam, é um fato a ser examinado, a ser pensado, e evidentemente
eu vou fazer uma análise quando o relatório sair com as informações que virão
das interventorias, e eu vou pedir a audiência daquelas pessoas que tinham a responsabilidade
de suas empresas e que não tem acesso a elas e que estão sendo acusadas, de
forma que eu não sei se corretas ou não, eu não estou fazendo julgamento. Eu
quero, para dar uma opinião final, ouvir todas as partes, e naquele dia eu vi
que só se ouviria uma determinada parte. Então, nós vamos aguardar com mais
calma para que se possa definir. Mas, a população já respondeu, numa enquete
feita pela Zero Hora: 38% da população está descontente com o transporte
coletivo. E o próprio Prefeito diz que o transporte piorou. E os 453 ônibus que
precisam ser renovados, eu não tenho conhecimento nem de 400, nem de 53, nem de
3. Lá, naquele dia, disseram que 2 novos estão sendo esperados para se
incorporarem à frota. Então, vão ficar faltando 451.
Era isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Esperamos que o Prefeito se
sensibilize. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, gostaria apenas de explicar o modo como a Administração concebe,
hoje, encaminhamentos sobre essa questão salarial, ou seja, o pagamento do
resíduo, fruto inclusive de uma conquista da categoria e também fruto, de certa
forma, da incidência da Câmara Municipal de Vereadores, quando da discussão do
acordo sobre a reposição, na época. A preocupação do Executivo Municipal, ao
retirar, recentemente, o Projeto da Câmara, não é outra senão acenar e
concretizar uma negociação direta com o Sindicato que, no nosso entendimento, é
de fato a instância legítima para encaminhar as negociações salariais do
funcionalismo público municipal. Portanto, o Executivo, ao retirar o Projeto,
fê-lo exatamente devido a um aceno político feito pelo Sindicato, na época, de
que haveria um interesse, por parte do Sindicato – e do Executivo também,
portanto, haveria um aceno recíproco – no sentido de se materializarem
concretamente as negociações que por um período estiveram de certa forma
congeladas. Talvez se devesse a, na época, os municipários estarem em processo
eleitoral, que acabou culminando recentemente com a eleição da nova diretoria
do sindicato.
Portanto, estamos, ao retirar o Projeto, não prorrogando uma decisão,
mas, ao contrário, tentando chegar a essa decisão da forma mais rápida e pelo
caminho que nos parece ser hoje o caminho correto. Portanto, neste processo
político, achamos que o papel político da Câmara Municipal está sendo cumprido,
sim, quando, vindo para cá o Projeto, todos os Vereadores o discutiram e se
pronunciaram a respeito, colocando os seus pontos de vista e as suas
avaliações. No nosso entendimento, isso pressionou tanto a Administração quanto
o sindicato para que, legitimamente, fosse resgatado esse canal de negociações
que ora está sendo viabilizado e desenvolvido. Ainda sobre a questão salarial,
gostaria de colocar que recebi a informação de que, neste momento, está
ocorrendo uma reunião na Prefeitura para viabilizar aquilo que, no nosso
entendimento, é, antes inclusive do pagamento do resíduo, a prioridade em
termos salariais do funcionalismo público de Porto Alegre, que é a garantia da
bimestralidade. Portanto, esse é o esforço número um que, em termos salariais,
em termos de funcionalismo, exatamente neste momento, neste dia, está fazendo o
Executivo com relação ao funcionalismo. Acho que as nossas atenções, ou seja,
as atenções da Câmara Municipal devem se voltar para o desenlace desta reunião
de hoje para, esperamos nós, seja concluída com o pagamento, o mais rápido
possível, deste direito conquistado pelo funcionalismo municipal.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Vieira da Cunha.)
O Sr.Vieira da Cunha: Uma reunião...
O SR. JOÃO MOTTA: É uma reunião interna da
Administração que está tentando viabilizar o Projeto para que possa ser enviado
à Câmara para que seja feito o pagamento ao funcionalismo da bimestralidade.
Em terceiro lugar, gostaria apenas de lembrar que, talvez amanhã,
pretendo aqui abordar mais uma vez aqui a política do PDT nas Prefeituras.
Desta feita, não abordando a política do PDT quando gestão, quando situação,
mas a política do PDT hoje, atualmente, no Município de Canoas com relação ao
funcionalismo que obteve na semana passada uma decisão que, no meu
entendimento, também, não expressa a melhor alternativa ou a melhor saída para
os interesses do funcionalismo público municipal de Porto Alegre, apenas
adianto isso para que os Colegas Vereadores do PDT se munam de informações,
porque pretendo amanhã abordar este tema que acho que vai ser importante que o
coletivo da Câmara Municipal de Vereadores tome conhecimento da política do PDT
no Município de Canoas para o funcionalismo público municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa colocará em discussão
o PDL nº 016/89.
PROC. Nº 1927/89 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N° 016/89, que autoriza o Senhor Prefeito Municipal de Porto alegre a afastar-se do Estado, no período de 06 a 09 de julho de 1989.
Parecer:
– da CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº
016/89. Primeiro orador, Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero me somar aos pronunciamentos dos Vereadores Artur Zanella e
João Dib. Quero, contudo, deixar claro que estou falando, não em nome da
Bancada, até porque não tive oportunidade de reunir a Bancada para tratar deste
assunto, mas em meu nome pessoal. Vou encaminhar contra o Requerimento de
Licença do Prefeito Olívio Dutra. Penso que esta Casa, efetivamente, só poderá
aprovar licença ao Prefeito para viajar no momento em que o Prefeito defina, de
uma vez por todas, quando e como pagará o resíduo salarial devido ao
funcionalismo. Se o Prefeito tivesse deixado o Projeto tramitar nesta Casa,
mesmo com a proposta absurda do pagamento do resíduo somente em janeiro de
1990, não teria tomado essa posição. Não se trata de quando o Prefeito vai
pagar, se trata de respeitar esta Casa. E mais ainda, de respeitar uma lei, um
dispositivo legal que teve origem neste Legislativo, que contou, inclusive, com
o apoio da Bancada Governista. Nós, aqui, aprovamos uma emenda ao Projeto de
Lei do funcionalismo, dizendo que o Sr. Prefeito tinha 60 dias para encaminhar
à Câmara um Projeto de Lei, dizendo como e quando pagaria o resíduo. O Sr.
Prefeito cumpriu, é verdade, mandou o Projeto a esta Casa, mas em seguida o
retirou. Ao retirá-lo está descumprindo, flagrantemente, aquele dispositivo
legal que teve origem nesta Casa.
Portanto, enquanto o Sr. Prefeito não mandar, novamente, a esta Casa um
Projeto de Lei dizendo quando e como pagará o resíduo, eu votarei contra
qualquer pedido de afastamento da Cidade do Sr. Prefeito, seja por que motivo
for.
Chega de desrespeito aos Vereadores e ao Poder Legislativo da Cidade.
Pode mandar um projeto dizendo que pagará em dezembro de 1992, se tiver coragem
para isto. Mas tem que mandar um Projeto de Lei a esta Casa. Depois, é preciso
que atentemos às declarações públicas do Sr. Prefeito sobre esta matéria. O Sr.
Olívio Dutra tem dito, não tem mandado dizer, tem dito, pessoalmente, que não
poderá conceder a diferença. Na Zero Hora de hoje, pág. 38, está a afirmação do
Sr. Prefeito, depois de descrever a reivindicação tanto da nova direção, como
da anterior, do SIMPA, que quer o pagamento em agosto, o Sr. Prefeito diz que
acha normal a reivindicação, mas avisou que não poderá conceder a diferença.
Portanto, não nos resta outra alternativa, enquanto o Sr. Prefeito não mandar
para esta Casa um Projeto, dizendo quando e como vai pagar o resíduo. Aliás,
não estará fazendo mais nada do que cumprir com a obrigação legal. Existe Lei
determinando prazo de 60 dias e que foi descumprido, no momento em que ele
retirou o Projeto de tramitação. Então, enquanto esse Projeto não chegar a esta
Casa, infelizmente, não posso conceder o meu voto favorável ao pedido de
licença, porque, ao fazer isso, estaria não dando a importância devida. Estaria
desrespeitando o conjunto de servidores municipais que aguardam ansiosamente a
definição desse problema por parte do Sr. Prefeito. Encaminho, portanto,
contrariamente o pedido de licença encaminhado pelo Prefeito Olívio Dutra.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, convenço-me com a intervenção do Ver. Vieira da Cunha que deveria
ter trazido hoje os dados a respeito do funcionalismo de Canoas, porque me
parece não tem sentido, Vereador, vincular a discussão que ora se faz, sobre a
viagem do Prefeito, à questão do funcionalismo público municipal de Porto
Alegre, a não ser, evidentemente, por razões políticas. Gostaria de lembrar ao
Ver. Vieira da Cunha que a viagem do Prefeito se deve exatamente a uma reunião
excepcional do Diretório Nacional o PT, que hoje se encontra totalmente voltado
para grandes decisões políticas que, certamente, tem algo a ver com o presente
quadro vivido pela sociedade brasileira. Gostaria de lembrar ao Ver. Vieira da
Cunha que, hoje pela manhã, o ilustre candidato Leonel Brizola, inclusive de
seu partido, está desencadeando nacionalmente uma grande ofensiva e incidência
política acerca de toda essa articulação que se fez nesses últimos dias, em
nível nacional também, com relação à candidatura Collor de Mello e que
significa hoje, concretamente, segundo palavras expressas do candidato Leonel
Brizola, uma alternativa do conservadorismo. E uma alternativa orquestrada,
através de algumas iniciativas dos grandes veículos de comunicação social e,
também, através de empresas que organizam as chamadas pesquisas eleitorais.
Portanto, é esse o centro da preocupação política que deveria nos ater ao debate.
Então, a posição do Ver. Vieira da Cunha é estranha, exatamente no momento em
que há um crescimento vertiginoso dessa alternativa política, onde,
conseqüentemente, todas as nossas preocupações, particularmente dos ditos
partidos de oposição, devem ser no sentido de se armarem contra essa
alternativa. O Ver. Vieira da Cunha, inclusive com relação à própria postura
assumida pelo seu próprio candidato, não reconhece a legitimidade que tem
também o PT, o próprio Prefeito, de também discutir essa questão no próximo
final de semana.
Para concluir, gostaria de fazer esse registro e sugerir que os
Vereadores reflitam sobre esse quadro político mais geral, e sobre também a
legitimidade da viagem do Prefeito neste próximo fim-de-semana. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDETE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, neste momento em que o Prefeito solicita o seu afastamento por três
dias da nossa Cidade, nós não podemos, de maneira nenhuma, tolher o direito do
Prefeito de se afastar da Cidade, quando essas tratativas nem sempre são
partidárias, elas são úteis a nossa Cidade. Eu sou um Vereador de oposição ao
Governo, mas de forma nenhuma vou inviabilizar esse Governo. Estou aqui para
dar o meu voto favorável à viagem do Prefeito, esperando que nessa viagem ele
possa trazer recursos para a nossa Cidade, para que possamos juntos administrar
melhor esta Porto Alegre, trabalhar por Porto Alegre, nossa Cidade sorriso. Eu
quero dizer que esse negócio de negar ou votar contra a viagem do Prefeito,
quem sabe se espera com isso uma manchete de jornal. E este Vereador, com a
humildade que sempre teve, não faz do seu cargo manchete, ele faz com
responsabilidade. É este o meu objetivo.
Eu vim à tribuna com responsabilidade e não quero que, muitas vezes,
nós tenhamos, no futuro, que usar o mesmo critério com o Legislativo, ou seja,
quando algum Vereador pedir o afastamento da Cidade, nós tenhamos que usar o
mesmo critério e ter que, um dia, vetar a viagem de um Vereador. Portanto, nós
temos que tratar com a mesma seriedade, mas, aqui, eu não estou agradando o
PDS, estou falando em nome do PMDB. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, responsabilidade é cumprir o que preceitua a Lei Orgânica.
Responsabilidade é saber diferenciar entre a viagem de um Vereador e a viagem
do Prefeito; o licenciamento do Vereador e o licenciamento do Prefeito.
Responsabilidade é saber que, no Executivo, não pode pertencer a órgão regional
do Partido, à executiva do partido regional, municipal ou nacional. Eu,
realmente, disse antes, aqui, nesta tribuna, que eu gostaria de não aprovar a
licença do Prefeito. Bem, eu vou encaminhar contrariamente à aprovação da
viagem do Prefeito.
Não pode ser membro da Executiva do Diretório Nacional, porque ele é o
Prefeito de Porto Alegre. Não tem nada que ver Canoas com Porto Alegre. E,
quando o Ver. João Motta disse que deveria ter trazido seus dados para, então,
tentar mudar a opinião do PDT, eu acho que ele cometeu um erro muito grave. Nós
temos que resolver os problemas dos funcionários que esperam a nossa decisão,
porque eles têm em nós os seus representantes. Nós não representamos os
funcionários de Canoas. Podemos até ouvir as razões do Nobre Vereador que,
evidentemente, deve ter dados importantes até. Mas a nós isso não preocupa. O
que nos preocupa são os servidores, que já têm a bimestralidade. E, se o Ver.
João Motta está preocupado com a bimestralidade, que terá decisão agora, lá
numa reunião que está havendo, é que se anuncia que estejamos correndo o risco
de, ao invés de vir um Projeto pagando aquilo que é devido já há dois
pagamentos, a diferença de vinte e cinco e pouco, que foi retirado pelo Sr.
Prefeito e mais o bimestre de maio e junho – está-se correndo o risco de vir um
Projeto alterando a Lei, para que o funcionário não mais tenha a
bimestralidade. Está-se correndo o risco de prejudicar o funcionalismo
municipal. Então, eu acho que é chegada a hora de o Sr. Prefeito ficar aqui em
Porto Alegre mesmo, curtindo as amarguras de Prefeito, segundo ele, com pouco
dinheiro, mas a glória, até, de saber administrar com pouco dinheiro e realizar
o que tem que ser realizado, no mínimo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação o PDL nº 016/89. Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não pretendia discutir o assunto, porém, como as colocações aqui
estão bastante contraditórias, eu queria colocar a minha posição: neste caso,
eu vou me abster. Se o Sr. Prefeito de Porto Alegre acha que é melhor ir para
São Paulo, discutir o assunto da Presidência da República, ele que faça bom
proveito. Eu já estou achando que até para o Dr. Olívio seria bom que ele não
fosse, porque ele vai ter que escolher, lá, entre o Sr. Gabeira e o Sr. Paulo
Bisol, o Vice-Presidente. Por tabela, já está escolhendo o candidato a
Governador do PT, no ano que vem, que é o Dr. Paulo Bisol, Desembargador,
Senador. Mas como o Sr. Paulo Bisol, que é um grande amigo da minha família, e
é uma pessoa que conheço muito bem, neste momento, entra depois de assinar no
PMDB, no PSDB, no PSB, é o futuro candidato dessa Frente Brasil a Governador do
Estado, não sei se continuando no PSB ou PT. Mas como provavelmente não será do
agrado de todo o candidato dessa corrente partidária para o ano que vem, acho
até melhor o Dr. Olívio não ter que vir aqui, contra os seus Vereadores, que
querem o Sr. Gabeira, a maioria, ou outros que querem o seringueiro Júlio,
porque ele é proibido de atuar em organismos partidários. É melhor deixar isso
fora. Mas, já que ele quer viajar, ele gosta de viajar, ele não pode passar um
mês sem viajar, ele é um maluco por avião: ele diz que gosta de andar de
ônibus, ele diz que gosta de andar de ônibus uma vez por mês, ele gosta mesmo –
e com isso eu saúdo as moças que estão aqui conosco – é de andar de avião. O
Dr. Olívio já viajou 14 vezes, se não me engano, 25% do tempo que o Sr. Olívio
é Prefeito, é viajando, ele está num avião. Mas não vai a Brasília arrumar
dinheiro, não vai ao Rio pedir dinheiro; ele só vai a São Paulo para as
reuniões do PT, e diz que sem ônus para o Município, o que não é verdade. Seria
sem ônus para o Município se ele abrisse mão do seu salário, mas ele não abre;
e como o Vice- Prefeito, ao assumir a Prefeitura, recebe como Prefeito,
evidentemente, a Cidade tem ônus, não tem ônus da passagem, não tem ônus da
diária, é verdade, mas que o Município paga a viagem, paga! Porque os dois
recebem como Prefeito. Ele não abre mão do salário dele, não está aí para se
prejudicar- Kamikaze, como disse o Ver. Dib – ele também gosta do Japão, ele
adora uma viagem ao exterior, ele esteve em Kanazawa, onde teve a brilhante
idéia de pedir financiamento para Porto Alegre e, no mesmo momento, declarar
que a política do seu Partido é não pagar os empréstimos externos. Ele pediu o
empréstimo externo e já disse que não vai pagar. Vai receber muito.
Mas como o Dr. Olívio gosta de viajar! É chegado num avião. Sempre é
bom sair um pouco de Porto Alegre com suas ruas esburacadas, com seus
problemas. E como eu acho que o Dr. Tarso Genro é um belo Vice-Prefeito, um
grande Prefeito quando assume e quem sabe até um futuro candidato a Governador
contra o Dr. Bisol, eu creio que não vou votar contra, como não vou votar a
favor. Mas o PT e os partidos de esquerda que têm maioria na Comissão
Representativa, que aprovem a viagem do Sr. Olívio, espero que esteja boa e
espero que o tempo já esteja melhor, não esteja tão frio como está aqui em
Porto Alegre, porque um Prefeito agüentar as reclamações e ainda o frio, é
muito difícil. Então, é bom que ele passeie um pouco, se divirta, porque isto
dá um ânimo melhor, na sua 15ª viagem fora de Porto Alegre. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir
Fraga): Com
a palavra, para encaminhar, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não sei qual as verdadeiras razões por que algumas Bancadas
deste Plenário querem evitar que o Prefeito viaje a São Paulo. É bem verdade
que existem problemas. Eu até diria problemas graves com relação aos resíduos,
ou as diferenças até agora não pagas ao funcionalismo municipal. Eu admito isso
como uma verdade. Embora o meu partido não pertença à Frente Popular, eu
votarei à favor da reivindicação dos funcionários do Município. Isso porque a
luta em favor do pagamento de resíduos, de diferenças, que é uma luta justa,
deve encontrar o seu verdadeiro campo de debate e de discussão. Agora, fazer
uma espécie de coação emocional ou política, não admitindo a viagem ou
impedindo-a pelo voto contrário porque o Prefeito não pagou as diferenças, isso
é inadmissível. Acho que cabe e compete a nós – por falar em competência o Ver.
Dib cada vez que usa este microfone sempre fala em competência. Compete, Dib? É
isto aí? Então compete a esta Casa discutir, lutar, reivindicar, postular e
exigir que o Sr. Prefeito Municipal cumpra o seu dever de pagar com justiça os
vencimentos dos funcionários municipais.
Eu nunca fui radical nesta luta contra o Executivo Municipal, eu sempre
fui meio condescendente porque, paralelamente, às dificuldades de pagamento tem
sua origem na precária situação financeira do Município. Não é fácil ser
oposição apenas pelo fato de ser oposição ou entender de criar problemas apenas
pelo fato de criar problemas. Me parece que esta não é a nossa tarefa, nem o
nosso dever. Deixo a Bancada do Partido Socialista Brasileiro fora dessas
indelicadezas e dessas picuinhas. Nem me parece que seria honesto da nossa
parte transformar Porto Alegre numa espécie de gaiola em que o pássaro, que é o
Prefeito Municipal, dela não pudesse sair. Esta é uma atitude, no mínimo, de
ignorância política e uma atitude, sob o ponto de vista da democracia,
insólita. Muitos problemas acontecem, acredito, com Vereadores do PSB em
Aracajú, em Macapá e em Manaus, onde o partido detém as Prefeituras e creio que
estes problemas existem também naquelas Cidades. Por isso eu não posso ser
contraditório e tomar atitudes diferentes com relação a Porto Alegre, Aracajú,
Macapá e Manaus e também não embarco na balela do Zanella, porque a primeira
viagem, pelo que me consta, longínqua que o Prefeito fez, fez com assessores,
com técnicos e foi para Europa buscar dinheiro que está faltando a esta Cidade
para ser bem administrada, e eu pergunto aos Vereadores desta Casa de que
adianta ir para Brasília entender de reivindicar, se até hoje o Governo do
Estado não conseguiu nada.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem): Tendo
em vista o que afirma o Orador eu gostaria de saber de V. Exª se foi aprovado
por esta Casa alguma vez que tenha ocorrido a viagem do Sr. Prefeito à Europa,
que nunca foi.
O SR. PRESIDENTE: No decorrer da Reunião nós
vamos dar um retorno.
O SR. ARTUR ZANELLA: Muito obrigado.
O SR. OMAR FERRI: À Europa, ou a Tóquio, a
verdade é que assessores foram à Europa. Mas Sr. Presidente, o Ver. Artur
Zanella atualmente nos tira do caminho proposto. É realmente uma balela
desencaminhante. Eu vou votar favoravelmente até porque considero a minha
Bancada uma Bancada educada, não mal-educada, não insólita, nem grosseira. Eu
vou votar porque isso faz parte da democracia e vou votar porque nós estamos
vivendo pelo menos aparentemente num sistema democrático. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO. Contra os votos do Ver. João Dib e do Ver.
Vieira da Cunha, e uma abstenção.
Nós registramos com muito prazer a presença do Vereador Presidente da
Junta Departamental de Montevidéu, Sr. Aníbal Glodofsky e da Professora Flora
Pechansky e alunos do Instituto General Flores da Cunha.
Com a palavra, por cinco minutos, o Sr. Aníbal Glodofsky.
O SR. ANÍBAL GLODOFSKY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores da irmã Cidade de Porto Alegre do Estado do Rio Grande do Sul. Quero
agradecer a atenção que me dispensam e a oportunidade de dirigir-me a vocês e,
do mesmo modo, dizer que a cidade de Montevidéu inaugurará proximamente a sede
de sua Junta Departamental. Esse foi o motivo principal que nos trouxe a esta
Cidade, a esta Câmara, para convidar o seu Presidente a fim de contar com a sua
presença naquela oportunidade. Também gostaríamos de contar com a presença dos
Vereadores dos diversos partidos nesse momento importante para a nossa Cidade.
Há, ainda, a coincidência de estarmos nesta Cidade na ocasião em que se realiza
o Encontro de Presidentes de Câmaras de Vereadores das capitais do Brasil,
circunstância essa que nos agradou sobremaneira para efeitos de intensificar
nossos contatos com o Brasil. Quero referir ainda uma coisa que os Países do
Prata têm em comum, especialmente Porto Alegre, Buenos Aires e Montevidéu,
cidades com problemas comuns, que enfrentam problemas municipais comuns. Minha
presença aqui deve-se especialmente a diagnosticar os distintos problemas
municipais que nos afetam em comum. Eu creio que o Uruguai e o Brasil e,
fundamentalmente, o Estado do Rio Grande do Sul, estão vivendo uma circunstância
muito particular em sua fronteira. Seguramente a imprensa está informando
alguns episódios que estão ultrapassando a nossa fronteira e que respondem aos
efeitos de um transcurso eleitoral que temos tido em nossos países. O Uruguai,
hoje, da mesma forma que o Brasil, vive uma circunstância econômica muito
particular que afeta a todos os cidadãos do Brasil e do Uruguai sem diferença
de partidos políticos, sem diferença de bandeiras políticas. Como
latino-americanos, por todas as coisas que enfrentamos como uma dívida externa
por demais pesada, uma dívida externa que nos obriga a lutar necessariamente
entre o sacrifício de nossos trabalhadores, entre o desastre ecológico, entre o
trabalho sem descanso ou a prosperidade e o progresso que todos os partidos políticos
de nossos países, indubitavelmente, reclamam. Como latino-americanos temos o
dever de enfrentar essas circunstâncias, temos o dever de olhar para o futuro
para podermos trabalhar, para fazer do Brasil, do Uruguai, da Argentina, um
verdadeiro mercado integral, onde não existam problemas em nossas fronteiras,
onde não tenhamos de enfrentar, cotidianamente, os problemas que vivem nossos
cidadãos. Estou muito alegre de estar nesta Câmara de Vereadores com essa
platéia cheia de gente jovem, que é uma forma a mais de se ensinar democracia
em nossos países, onde as Câmaras Municipais recebem em seu seio essa enorme
quantidade de gente jovem para aprender sobre a virtude da discussão
democrática num âmbito de tolerância, num âmbito de respeito e num âmbito de
franca confrontação de idéias.
Repito: me orgulho de haver ocupado esta tribuna e agradeço tudo quanto
os senhores têm feito por mim e tudo quanto seguramente ainda farão, juntamente
com os Presidentes de Câmaras das capitais do Brasil, tratando de continuarmos
o profundo entrelaçamento em nossas relações e aprofundamento mais intenso
sobre os problemas municipais que os senhores, como Vereadores de Porto Alegre,
e a mim, como Presidente da Junta Departamental de Montevidéu me compete. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Aníbal, nosso querido Presidente da Junta
Departamental de Montevidéu, desde ontem está conosco e vai permanecer neste
encontro que teremos entre 6 e 7 do corrente entre os Presidentes de Câmaras das
Capitais. Não perguntei o partido do Aníbal, mas aos poucos iremos conversando
e nos identificando.
Agradecemos também a presença dos estudantes do nosso Instituto de
Educação, pessoal jovem que sempre nos prestigia, através da indicação das
professoras que os acompanham.
Requerimento de autoria do Ver. João Motta, requer seja o Proc. nº
1927/89, PDL nº 016/89, dispensado de distribuição em avulsos e interstício
para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados (Pausa). APROVADO.
A Mesa colocará em votação os seguintes Requerimentos: do Ver. Leão de
Medeiros, de Voto de Congratulações com o Vereador Agustinho Ermes de Lima por
sua eleição como Presidente da Associação de Câmaras do Planalto Médio –
ACAVEPLAN; com o Cel. Wilton Pontes Carpes, Comandante do Corpo de Bombeiros,
pela passagem do Dia do Bombeiro; com Irineu Epier por sua posse como
Presidente do Rotary Club Alto Petrópolis; do Ver. Vicente Dutra, de Voto de
Congratulações com o Secretário Arquidiocesano de Pastoral e a Arquidiocese de
Porto Alegre por promoverem o encontro de palestras sobre a Droga e o Drogado;
do Ver. Vieira da Cunha, com o Jornal do Povo pela passagem dos seus sessenta
anos de circulação. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
Voto de Congratulações com o Engenheiro Darvin Ribas pela eleição para
Presidente do Sindicato dos Municipários, de autoria do Ver. João Dib. Em
votação. Para encaminhar, inscreve-se o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos
encaminhando favoravelmente, esta proposição é nossa, o Voto de Congratulações
ao Eng. Darwin Ribas que acaba de ganhar a eleição ao Sindicato dos
Municipários. Acho que a presença do Sr. Darwin Ribas, que não tem partido,
está afastado da militância política, vai fazer com que a verdade se
restabeleça na Prefeitura Municipal.
Acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que com o Eng. Darwin Ribas não
se colocará ,afrontando toda a Câmara, toda a população, impunemente, um
gráfico que mostre que 98% da arrecadação da Prefeitura se gasta com o
pagamento do funcionalismo. Isso causa revolta na população e ali diz que são
21 mil servidores, só esqueceram de somar a arrecadação do DMAE e do DMLU. São
21 mil servidores, são 16 mil e 500 ativos e 3 mil e 500 inativos.
Há documento que leva a assinatura do Prefeito, que é o jornal do
Prefeito, 300 mil exemplares. Vinte um mil servidores, DMAE, DMLU, DEMHAB e
Administração Centralizada, isso dá 21 mil servidores, então, tínhamos que
somar todas as arrecadações e encontraríamos menos do que os 60% que os
servidores encontraram, porque o DMAE que tem reajustado já pela terceira vez
as suas tarifas esse ano gasta com pessoal apenas 40%. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Gostaríamos de registrar o nome da Profª Flora Pechansky. É um prazer
recebê-la novamente, também as alunas da 3ª série do magistério do Colégio Gen.
Flores da Cunha. Comunico à diretoria que teremos um encontro aqui, amanhã, 6,
e dia 7 com os Presidentes de Câmaras das Capitais para discutirmos as Leis
Orgânicas dos Municípios das capitais e temos o prazer de convidá-las a
comparecerem com suas alunas; será uma honra muito grande para nós.
Com a palavra, o Ver. Luiz Machado, por transposição de tempo com o
Ver. Lauro Hagemann, para falar no período de Comunicações.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
quero afirmar, aqui, que no dia 20 de maio participei de uma reunião na Vila
Bairro Vermelho, neste conglomerado que se chama Restinga e naquela ocasião
estava presente a Drª Lires Marques, onde compareceram mais de 200 moradores, e
também estava presente o Secretário Especial de Ação Comunitária da Presidência
da República, Dr. Nelson Proença. Naquele momento a Drª Lires Marques, ela
confirmou à população uma reivindicação antiga deles, para ceder uma área de
500m² para ser construído o Centro Comunitário da Restinga. Esse Centro
Comunitário reivindicado há tanto tempo pelos moradores, é uma verba do Governo
Federal, uma verba da SEAC. Na frente dos moradores, a Drª. Lires Marques
garantiu essa área. E há pouco mais de 10 dias atrás, eu estive na SEAC e
constatei que aquilo tudo foi uma demagogia, e que a Drª Lires Marques procurou
complicar as coisas no que tange a entregar a área para os moradores. Ela
simplesmente exigiu da SEAC que ela urbanizasse 23 mil metros quadrados daquela
área, para poder entregar a área de 500m² para construir o Centro Comunitário.
Ora, uma população carente, uma população que já luta com as dificuldades do
dia-a-dia, com salário baixo, e luta cada dia para conquistar o seu espaço na
sociedade, e quando participa uma Diretora de um Departamento, como o DEMHAB, e
confirma a entrega dessa área, agora, simplesmente diz: ou a SEAC urbaniza 23
mil m², ou nós não entregamos os 500m² para o Centro Comunitário. Isso é
lamentável, porque a cada dia se vê que com pressões dessa ordem não se
constrói nada. É a mesma coisa que oferecer para um desabrigado um casaco e ele
querer que dê as calças e o chapéu. Eu acho que isso não tem lógica, pois se o
governo está cedendo uma verba para construir o Centro Comunitário para o povo
trabalhador, não pode de forma alguma, o Governo da Frente Popular, tolher esse
direito do povo. Então, estou aqui para tentar fazer com que o Governo,
principalmente a Bancada do PT, possa mudar a posição da Diretora Lires
Marques. Por que eu não acredito que o PT, verdadeiramente, aceite esse tipo de
decisão, porque isso viola as coisas mais sagradas do povo que são a liberdade
e a democracia. Não é assim que se faz. Outro assunto que me traz à tribuna é
sobre a empresa Belém Novo, que entrou em concordata. Parece que o povo da
Restinga tem que sofrer mesmo, a cada dia que passa. O Ver. Dib esteve nesta
tribuna e disse que de acordo com uma pesquisa, 30 e pouco por cento dos
moradores da Cidade estão contrários ao transporte coletivo desenvolvido na
Cidade. Mas quero dizer que no Bairro Restinga, 97% é contra o transporte. Isto
por que sai governo e entra governo e continua o mesmo problema. Agora, para
desespero da população, a empresa entra em concordata. E o Prefeito afirma no
jornal que poderão ser encampadas em definitivo a Trevo e a Sopal. Por que não
a Belém? Só porque atende população de baixa renda? Por que a Vila Restinga tem
que ser jogada para terceiro plano? Até que o os moradores se mobilizem e criem
problema para a administração, atacando até com violência os ônibus, como já
aconteceu lá, como até ônibus já foram queimados naquele bairro. Eu quero dizer
que assim não se faz uma boa Administração. Nós temos que olhar as pessoas, não
por diferença de classe e de poder econômico, nós temos que olhar com igualdade.
O povo da Restinga clama um melhor transporte. Eu espero que o Prefeito, ao
afirmar que a Trevo e a Sopal seriam encampadas, que ele coloque, também, a
empresa da Restinga - Belém, porque é o anseio e é a luta daquela comunidade
por um melhor transporte que a cada dia vem piorando naquele bairro.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Luiz Machado, gostaria que V. Exª também tivesse
registrado a notícia, talvez do jornal que V. Exª cita da tribuna, outra medida
divulgada que é o início do remanejo, no dia 17, nas linhas da Vila Restinga.
Haverá ônibus direto nos horários de pico, das 6h30min às 7h e das 18h30min às
19h, que é um princípio de tentativa de resolução, ainda que não total. Nós
sabemos, V. Exª discutiu isso com a Prefeitura, já discutimos com a comunidade,
que a real alternativa ali é a substituição da empresa, mesmo, que não tem
condições de funcionar. Mas o Município não tem essas condições, neste momento,
e é, ainda, vigorante a permissão da empresa Belém Novo. Gostaria de registrar
este aparte no seu pronunciamento para dizer que a Restinga não está abandonada
da preocupação da Prefeitura.
O SR. LUIZ MACHADO: Acolho o seu aparte,
Vereador. Ao dizer que está abandonada, eu não quero dizer com isso que o
Governo não está tentando resolver os problemas. Mas é só visitar aquela
comunidade, nós vemos que a primeira preocupação é o transporte. E não era para
ser, a primeira luta da Restinga é Distrito Industrial, mas, no momento, o
sofrimento do transporte é tanto que, primeiro, é o transporte. É uma luta que
se arrasta há mais de 10 anos.
O Sr. Heriberto Back: V. Exª. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, quero felicitar, de público, o
Ver. Luiz Machado pela iniciativa desta briga pelo Distrito Industrial. Por
outro lado, quero transmitir à Câmara o esclarecimento que me deu, agora, a
Diretora do DEMHAB sobre a questão dos 23 mil metros quadrados de urbanização.
A explicação que me deu a Diretora foi a seguinte: que esse terreno
reivindicado é em cima de uma Praça. A proposta é que o DEMHAB permita a
localização da Associação nesta área da praça e fez um Projeto através da SMAM
– um projetinho simples – para que os moradores possam pressionar a SEAC a
urbanizar esta área da praça, que não é cara, não é infra-estrutura,
calçamento, é uma graminha, umas arvorezinhas. Eu não quero contestar o que V.
Exª está dizendo, apenas quero trazer o esclarecimento do DEMHAB. Então,
urbanizando esta praça, fica fazendo parte da mesma o Centro Comunitário. Este
é o esclarecimento.
O SR. LUIZ MACHADO: Acolho seu aparte e encerro,
dizendo que, ao fazer isto, não tenho por que obrigar que o Governo Federal
tenha que ceder mais verbas além da que foi destinada para os 500m de área do
Centro Comunitário e jogar em discussão sobre 23 mil metros de urbanização para
o Bairro Barro Vermelho.
O Sr. Adroaldo Corrêa: Vereador, um Centro
Comunitário em cima de uma área de praça não passaria no Plano Diretor, não
passaria aqui, não passaria em lugar algum. Onde se oficializa a urbanização da
praça, fica diferente. Eu acho que se tem que trazer todos os dados.
O SR. LUIZ MACHADO: Eu acho que a praça não dá
estes 23 mil metros quadrados. Nós vamos averiguar e trazer aqui a informação.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar
Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, muitas vezes sou até chato nos meus posicionamentos, é que eu
relembro a época em que fui candidato pelo meu Partido – o qual infelizmente,
só elegeu a mim – em que eu dizia que três seriam os meus objetivos aqui nesta
Casa: o primeiro, de lutar pela moralização e pela restauração da dignidade do
perfil do homem público; o segundo, estudar com afinco o Plano Diretor: porque
violaram, rasgaram e tumultuaram esta Lei de tal forma que praticaram crimes
contra a Cidade de Porto Alegre. E, como terceiro ponto, eu disse que haveria
de me interessar muito pelos problemas que dizem respeito aos transportes de
massa da Capital do Estado. Eu confesso aos Srs. Vereadores que até anteontem
era um perfeito analfabeto nesse tema. Tanto que há um jornal aqui, da
Administração Popular, que li, e ao qual não dei a menor importância. Mas, em
boa hora, o Ver. Dilamar Machado propôs a criação de uma Comissão Externa para
verificar a situação das empresas de transporte coletivo de Porto Alegre, e
estudar denúncias que envolviam sabotagens, de um lado, e algumas demissões de
outro lado. Fiquei estarrecido com os lamentáveis fatos que envolvem as
empresas permissionárias do Município. Vou me permitir ler aqui, algumas
linhas: “Como o povo chamará alguém que aluga para empresa que administra bens
adquiridos com o dinheiro arrecadado pela própria empresa, fazendo-a pagar
duas, ou mais vezes, pela mesma coisa?” Ou então: “Como poderá ser chamado
alguém que explora um serviço público, e dele desvia recursos, adquirindo bens
para seu uso próprio, e depois transfere para uma empresa particular esses
bens, adquiridos com o dinheiro público?” Esses fatos foram perfeitamente
comprovados com a visita que a Comissão Externa, criada pela Casa, fez no dia
de ontem. Mas tem mais: pelo menos duas destas empresas, a Trevo e a Lapos, ou
a Trevo e a Sopal, é só inverter o nome é a mesma coisa, são proprietárias, em
Porto Alegre de mais ou menos 35 a 45 mil metros quadrados de terrenos situados
nas zonas mais centrais, mais caras, mais especulativas e mais nobres da
Capital. Pois essas empresas, que tem permissão para explorar os transportes
públicos do Município de Porto Alegre adquiriram esses bens com base na tarifa
que era cobrada dos usuários do sistema e criaram, concomitantemente, durante
esses anos todos, empresas paralelas para as quais transferiram esses bens. E
não só os bens, como os melhores ônibus. De tal forma que hoje, tanto a Sopal
como a Trevo, empresas permissionárias, são donas de apenas sucatas, e de mais
nada. E uma delas, a Trevo, faz com que ela, a permissinária, pague aluguel
sobre o terreno que era seu para a empresa fantasma que ela criou. Qual é o
resultado de tudo isto? O resultado de tudo isso significa um brutal prejuízo
para a coletividade de Porto Alegre. Porque com estes desvios eles deveriam ter
adquirido no mínimo 750 ônibus novos. E todos sabem e eles mais que os demais
cidadãos, que existe uma lei no Município que diz que o tempo de vida útil de
um ônibus é de dez anos. Na Sopal ou Lapos, o período médio de vida de seus
ônibus é de 8 a 9 anos. Quer dizer que daqui a alguns dias dezenas de ônibus
deixarão de trafegar, e a empresa, que deve um milhão e trezentos mil cruzados
novos em impostos e outra dívidas, não vai ter condições de repor estes ônibus.
Estou falando da Sopal, e a prejudicada é a população de Porto Alegre. A Sopal,
que adquiriu, formou ou criou três outras empresa: Loales, Agropecuária
Pioneira e a Lapos, que possuem lojas, computadores e mais ou menos 40 mil
metros quadrados de terrenos - só tem ônibus velhos e uma dívida de três
milhões e 700 mil cruzados novos. Mas o que é muito mais grave – e isso diz
respeito a todos nós e este País, tombado e carcomido pela impunidade e pela
corrupção e isto é uma vergonha para nós – é que pelo menos nestas duas
empresas havia uma caixa-2. O dinheiro da caixa dois era obtido pela sonegação
de impostos, principalmente do Fundo de Garantia e do INPS. Com o dinheiro
sonegado era formado o caixa-2 e com o caixa-2 se complementavam alguns
salários de funcionários apaniguados. E tem mais, a Viação
Terezópolis-Cavalhada Ltda criou uma subsidiária chamada Transportes Cavalhada
Ltda. Toda a manutenção – não só dela, mas das subsidiárias também, legais ou
não de ônibus, 06 microônibus e de caminhões era feita no pátio da
permissionária, o que quer dizer que a passagem paga pelo povo estava
sustentando estas outras empresas, nascidas em decorrência da exploração de um
serviço público. Empresas tinham e têm microônibus. Como não podiam tê-los
legalmente da permissionária – por exemplo, a Viação Teresópolis-Cavalhada Ltda
está impedida por lei de ter microônibus – então essas empresas fraudavam a Lei
Municipal. Vejam bem, uma permissionária de serviços públicos de Porto Alegre
fraudando a Lei Municipal. Adquiriram frotas de microônibus e as colocaram em
nome de empregados de confiança. Na Trevo – que tem uma fábrica de lapidação de
pedras preciosas funcionando em sua sede, onde os Vereadores entraram e viram,
tem também a firma Trevo de Participações e a firma Trevo Lotações – também na
Trevo a manutenção e os combustíveis necessários às demais saíam da empresa
permissionária.
Portanto, esta Casa, se ama esta Cidade, se tem por objetivo o bem
público, deve denunciar estes fatos e ir muito além, impedindo que de hoje em
diante se usem essas Empresas para propaganda de candidatos de partidos com
assento aqui nesta Casa. E, Sr. Presidente, se alguém duvidar terei o prazer de
comprovar esses fatos. Estas empresas têm ônibus que eram cedidos a partidos
políticos para a realização de campanhas. Isso se chama corrupção. Um partido
político que aceita, de uma permissionária, um ônibus para fazer campanha
política, está aceitando a corrupção, estão se condicionando aos interesses
privados, está traindo o interesse público, está traindo o povo de Porto
Alegre.
Sr. Presidente, custe o que custar, eu vou cobrar um comportamento de
dignidade dos Vereadores com assento nesta Casa relativamente a essas
denúncias. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro
Hagemann):
Com a palavra, o Ver. Valdir Fraga, ausente. A seguir, o Ver. João Dib, por
cessão de tempo do Ver. Vicente Dutra.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, dignidade é algo que não deve ser cobrado dos Srs. Vereadores,
porque se tem certeza de que implicitamente todos têm dignidade. Coerência,
todos deveriam ter, e até errando às vezes as pessoas têm coerência. Porque eu
posso acreditar que a minha verdade seja a verdade, e ela não é a verdade.
Então, eu me mantenho coerente comigo mesmo, porque tomo sempre as mesmas
atitudes, até errando. Disse, nesta tribuna, que fui visitar a primeira empresa
e que não visitei as demais, porque não gostei da maneira como aconteceu a
nossa visita, achei que houve excesso e não vou mudar de opinião. Houve
excessos. Como me senti vinculado por ter sido duas vezes Secretário dos
Transportes, por ter sido Prefeito desta Cidade, a minha presença endossaria,
avalizaria ou não o que acontecesse, dependeria da maneira como eu tivesse que
me colocar: em silêncio ou reagindo, tentando explicar algumas coisas.
Perguntei à interventora da VTC – e devo dizer que me orgulho de ser amigo do
Sr. Jean Mattos, tenho satisfação, porque vejo nele um homem honesto, correto,
decente, que teve que vender 15 dos seus 21 microônibus para manter a VTC, que
vendeu caminhões da Transporte Cavalhada Ltda para que os serviços da Viação
Teresópolis Cavalhada fossem mantidos – perguntei à interventora se ela
conhecia cálculo de tarifa, foi a única pergunta que fiz. Ela respondeu que
não! Porque se falava que ele tinha motoristas pagos pela VTC para a
Transportes Cavalhada, se falava que tinha mecânicos que eram de uma e que eram
pagos pela outra, mas ninguém falou que 15 microônibus foram vendidos para que
ele pudesse pagar as contas, ninguém falou que caminhões foram vendidos para
que ele pudesse pagar as contas, e ela me respondeu que não conhecia cálculo de
tarifa! Então, na realidade, não conhecendo cálculo de tarifa poderia ter
dificuldades e a visualização dos problemas da forma que tinha. Eu disse,
claramente, que se existissem 100 ônibus, o cálculo de tarifa tem seus
parâmetros estabelecidos e a Secretaria calcularia não com 191 motoristas, nem
com 300 ou 500 se tivessem, mas com 190 motoristas, 190 cobradores e, para cada
grupo de ônibus, um fiscal. É assim que se calcula a tarifa, não há necessidade
de todo esse tempo que está aí, de intervenção, tentando colocar culpa nas
empresas cujos dirigentes não estão lá dentro. Mas será que essa categoria é
tão poderosa ou será que nós, do poder público, é que somos tão incompetentes?
Será que eles são tão poderosos que mandam quebrar o seu próprio patrimônio?
Então há necessidade de ser coerente, e eu sou, pelo menos tento. Vejo com
tristeza profunda a deterioração do sistema de transporte coletivo urbano. Eu
que, lá no dia 1º de setembro de 1956 comecei a me interessar por esse problema
de transporte. Acompanhei como quem vê nascer uma criança muito doente e de
repete depois de lhe dar os cuidados necessários vê tornar forte aquela
criança, aquele homem saudável e, agora, olha aquele homem saudável e vê
definhar, definhando por razões que não vou discutir e nem estou dizendo que a
Administração atual está liquidando com o transporte coletivo. Não, as coisas
vieram acontecendo ao longo do tempo, mas acho que a intervenção foi longa
demais. Não souberam analisar os problemas, tanto é verdade que continuam
cometendo os mesmos equívocos de não saber como se calculam as tarifas. Tarifa
que foi reajustada por duas vezes: a primeira vez, segundo o Secretário,
politicamente; a segunda vez não sei de que forma. Eu mandei pedir num Pedido
de Informações os cálculos que deram razões a esses reajustes e devo até dizer,
se a primeira tarifa foi dada politicamente, no sentido de que havia
necessidade, está correto e a segunda eu posso justificar matematicamente:
houve um aumento de 114% multiplicados por cerca de 45% que representa a folha
de pagamento davam os 50 e tanto por cento de tarifa. Não precisa nem
computador, precisa ter seriedade, precisa ter competência e agora eu disse
“competência”, porque antes eu não tinha dito. Antes eu tinha me manifestado
dizendo que não entendia como é que um Prefeito assina um documento dizendo que
gasta 98% da receita. Mas como é que ele paga as contas? Como é que ele paga os
fornecedores de alimentos para o Pronto Socorro, os remédios para o Pronto
Socorro? Não tenho nenhuma satisfação em fazer críticas. Eu escolhi ser administrador,
escolhi ser servidor público municipal, eu fiz a escolha, e quando as coisas
não vão bem os maléficos de tudo o quanto ocorre, por exemplo, quando dizem que
a administração não pode mentir e é mentira quando dizem que 98% são gastos com
o funcionalismo municipal; é mentira quando tentam mostrar que a SUDESTE não
funciona porque o empresário está lá tentando sabotar.
O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na SUDESTE, ontem, um laudo elaborado pela polícia
que está investigando a fraude das roletas, o laudo afirma que somente com
maquinaria pesada se poderia mexer naquelas roletas para fraudar o número de
passageiros transportados. Então, me pergunto: será que um empregado faria
isso? Será que ele arriscaria o pelo dele? Será que ele arriscaria a liberdade
dele caso fosse descoberto? Estas dúvidas pairam no ar e vou dizer mais uma
coisa: não acredito que a política aponte os culpados porque quando os culpados
são de colarinho branco continua a impunidade nesse País.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, fico até
abismado com a observação de V. Exª, porque é mais do que uma observação, é uma
insinuação muito objetiva. Diria a V. Exª que é bom que se lembre que os
empresários não têm acesso sobre a empresa em intervenção e, portanto, não tem
como fazer qualquer coisa, então V. Exª está dizendo que a administração
“impopular” está dizendo isso. V. Exª diz que os empregados não podem fazer,
então é a Administração “impopular” tentando subverter a ordem das coisas.
Agora V. Exª me deixou preocupado.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. João Dib, estranho essa colocação feita pelo
Ver. Omar Ferri, porque ele esteve presente na Comissão de Justiça e Redação
quando foi ouvido o Secretário Antonio Hohlfeldt e o Secretário disse ali, está
registrado nas atas, demonstrou, pagou, inclusive a Administração Popular pagou
6 mil cruzados para que um delator informasse como era feita a alteração nas
catracas. Não precisa equipamento pesado nenhum, há dois aramezinhos furando o
parafuso embaixo, ele mostrou para nós como era feito isso. Agora, que
equipamento pesado é esse? Que informação é essa? Se o próprio Secretário nos
trouxe a informação que a Administração Popular pagou por isso, inclusive protestei
na Comissão por esse pagamento de 6 mil cruzados que foi amplamente divulgado
pela imprensa.
O SR. JOÃO DIB: Vou encerrar, Sr.
Presidente, veja V. Exª. que não era tão difícil. Mas o apelo que faço é o
mesmo que já fiz aqui quando critiquei o Ver. Nelson Castan por ter dado uma
entrevista na Comissão que trata das fichinhas, como diz o meu querido Ver.
Heriberto Back, o apelo que faço é que contenhamos a nossa impaciência,
esperemos para ouvir todas as partes, para então colocarmos as nossas posições.
Não esqueçamos que o empresário é um elemento da sociedade de livre iniciativa,
essencial para que as coisas continuem. Vamos respeitá-los também. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira
da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Vereador Omar Ferri, com o brilhantismo que o caracteriza da
tribuna, tem muita capacidade para distorcer as coisas. Fui muito claro, Ver.
Omar Ferri, quando justifiquei o meu encaminhamento contrário ao pedido de
afastamento do Sr. Prefeito. Fiz isto não porque não reconheça o direito do
Prefeito de viajar, de se ausentar da Cidade até para participar de reunião
partidária, por que não? O fato de ele ser Prefeito não quer dizer que ele não
pertença a um partido, e tem todo o direito de participar das reuniões que
ocorram fora do Estado. Tanto é que a todos os outros pedidos votei
favoravelmente. Mas, a situação que estamos vivendo, atualmente, em Porto
Alegre, é excepcional. E por que é excepcional? Porque existe uma lei – e chamo
a atenção do Ver. Luiz Machado, que no seu pronunciamento não fez justiça a
este Vereador, não sei se não prestou atenção à minha argumentação, ou se
distorceu propositadamente – fui muito claro, em situação de normalidade, jamais
negaria meu voto à licença do Prefeito para participar de reunião partidária,
mas repito, estamos vivendo uma situação de excepcionalidade, muito grave. E
por que é muito grave? Porque as leis não estão sendo cumpridas em Porto
Alegre. E qual é a função do Vereador? Por que estamos aqui, Ver. Omar Ferri?
Para fiscalizar o Executivo! O povo votou em nós para exigir que o Executivo
cumpra as leis votadas nesta Casa, ainda mais leis que surjam frutos de uma
negociação ampla, inclusive contando com a assinatura e o voto da Bancada do
Governo, como foi a votação da Lei do reajuste do funcionalismo para o 1º
bimestre deste ano. Todos devem estar lembrados do impasse que surgiu na
discussão do índice, em que o Executivo afirmava 40,36%, e a Câmara reafirmava
o índice de 76% como devido. Fruto de uma ampla negociação, todas as Emendas
foram retiradas em favor de uma, subscrita por todas as Lideranças, em que o
Sr. Prefeito, por Lei, se obrigava no prazo de 60 dias a mandar um projeto para
esta Casa, dizendo quando e como pagaria o resíduo. Esta Lei veio. Dirão: foi
honrado este acordo, essa negociação política. Mas, como foi honrado, se dias
depois o Prefeito retira o Projeto, diz ele, em nome de uma negociação? Aliás,
eu não ouvi o Prefeito, ouvi de Vereadores do PT. Do Prefeito o que eu tenho
ouvido, e o que ele tem dito reiteradas vezes, está hoje novamente nos jornais,
ele tem não condições de pagar este resíduo. Como votaram então favoravelmente,
Ver. Omar Ferri? Diz o Ver. Omar Ferri que é uma deselegância, não é educado, é
ser grosseiro. Mas eu não estou aqui nesta Casa para ser educado com o
Prefeito. Eu estou aqui nesta Casa para exigir que as leis votadas pela Câmara
sejam respeitadas e cumpridas. Aí vem o Ver. João Motta para a tribuna e diz:
estão se preocupando com o resíduo do 1º bimestre, mas tem que se preocupar com
a bimestralidade, porque neste momento estão reunidos; e eu perguntei: quem
está reunido? É uma reunião interna da Administração para avaliar se será ou
não respeitada a lei da bimestralidade, agora, para maio e junho. Então, já não
basta até agora não definir o resíduo do primeiro bimestre e ainda vem o
vice-Líder do PDT, na tribuna, dizer que nós temos que nos preocupar com a Lei da bimestralidade. Eu tomo isso
como uma ameaça aos servidores municipais. Se há uma lei claríssima, dizendo
que os funcionários têm direito a reajuste bimestral, de acordo com o índice
oficial de inflação e vem o Vice-Líder da bancada do Governo, da tribuna, dizer
que, enquanto estamos discutindo o resíduo do 1º bimestre, relativamente,
relativamente a este bimestre de maio e junho, mais razão ainda para o nosso
posicionamento, Ver. João Dib, o Prefeito não tem direito de se afastar
enquanto não define esta situação.
O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para dizer, Ver. Vieira da Cunha, que a minha informação é
de que o caráter desta reunião não é para discutir se vai pagar ou não. É uma
reunião normal do Secretário da Administração com o Prefeito, para encaminhar
esse tipo de processo. Só. Gostaria, se critica houvesse, ela se faça, a partir
do que venhamos a decidir ou a fazer. Muito obrigado.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Agradeço o aparte de V. Exª
que traz informações a esta Casa tranqüilizadoras. Mas V. Exª infelizmente não estava
aqui e o Ver. João Motta afirmou isso da tribuna. Apenas para deixar clara a
questão de que votei contra, não por não reconhecer o direito do Prefeito de se
ausentar da Cidade, reconheço esse direito mesmo que seja para participar de
reuniões partidárias, mas enquanto o problema do funcionalismo não estiver
definitivamente resolvido eu permanecerei nesta posição.
Quanto à questão do transporte coletivo, vou repetir o que tenho dito
desde o início deste processo: acho que o processo de intervenção foi e é
legítimo, se justificou em sua origem, conta o Sr. Prefeito, toda a
Administração, com a solidariedade deste Vereador para todos os atos de fraude
comprovada na administração das empresas por parte dos empresários, mas não
podem os Vereadores, ou a própria Administração, exigir deste Vereador que se
solidarize com o processo como um todo. Simplesmente porque os resultados
práticos do processo de intervenção estão sendo sentidos pela população de
Porto Alegre. E não é à toa que em todas as pesquisas de opinião que se façam,
e nós tivemos uma, recentemente, amplamente publicada, o transporte coletivo é
considerado como o pior serviço público prestado ao porto-alegrense,
suplantando até a questão da segurança pública, que, hoje, em situação de
normalidade, seria o maior problema em qualquer Capital do Estado. Pois, aqui
em Porto Alegre a população diz que o seu maior problema é o transporte
coletivo. Então, Ver. Adroaldo Corrêa, antes de lhe ceder o aparte, apesar de
reconhecer e me solidarizar com todos os fatos trazidos pelos Vereadores do PT
e, há pouco, pelo Ver. Omar Ferri, do PSB, com o qual não concordamos, nós não
podemos deixar de salientar que o transporte coletivo, depois da intervenção,
piorou a sua qualidade e, mais, a questão da tarifa ainda permanece sendo
tratada em prejuízo da população.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Vieira da Cunha, só para fazer notar a V. Exª que no argumento que usa de
que a pesquisa, recentemente feita em Porto Alegre, faz isto de verificação em
relação ao transporte público, é uma pesquisa feita pelas mesmas agências que
temos aqui comentado, que têm instruído informações, manipulando informações a
respeito do conceito de candidatos, por exemplo, à Presidência da República,
que talvez não tivessem no meio do povo o mesmo conceito que o povo tem deles.
Gostaria de fazer registrar, também, que o título dado às informações das
pesquisas às vezes não correspondem aos números destas mesmas pesquisas, quando
se vai analisar no detalhe. Gostaria que atentasse para esta questão das
pesquisas.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu tenho perfeita
consciência disso, Ver. Adroaldo, e finalizo dizendo que eu não me referia a
uma em especial, o próprio Governo fez uma pesquisa que constatou esta realidade.
A Fundação ligada ao Partido dos Trabalhadores já fez uma pesquisa, e é o
próprio Prefeito que reconhece publicamente que o serviço do transporte
coletivo está longe da qualidade que ele acha que a população merece. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir
Fraga): Em transposição de tempo do
Ver. Luiz Machado com o Ver. Lauro Hagemann, num primeiro momento, o Ver. Lauro
Hagemann, agora, cede seu tempo ao Ver. Flávio Koutzii, que está com a palavra.
O Sr. Flávio
Koutzii: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a minha intervenção não poderia deixar de ser no sentido de
repercutir, também, a visita que fizemos às garagens das empresas sob
intervenção. Mesmo que, nesse momento, nosso Plenário se encontre esvaziado, eu
acho que é o momento de registrar esse acontecimento, inclusive de uma forma
não só dos elementos que, a nível da polêmica, e penso que para muitos que lá
estiveram, confirmaram, mas de abordar um tema de um ângulo que, normalmente, é
um pouco escamoteado, ou deixado de lado. Primeira questão: eu fico muito
gratificado de que aquela iniciativa inicial do Ver. Dilamar em relação à qual
tivemos reservas num primeiro momento e mudamos nossa posição depois, ela
começou, estritamente, em relação às denúncias dos funcionários que haviam sido
despedidos na VTC e na Trevo. O Ver. Dilamar teve a sensibilidade – acho que de
frente à nossa crítica que se sintetizava naquela colocação de que as denúncias
contra a intervenção, tudo, às denúncias da intervenção, nada, esta é a síntese
que eu posso fazer de uma linha de intervenção permanente que eu faço desta
tribuna – e ele agregou, e assim ele apresentou à nossa Comissão, penso que
corretamente, nas visitas que fizemos e nós viemos a aqui ver a questão dos
funcionários despedidos e as provas, se existem, dos fenômenos de sabotagem que
são denunciados. E há uma discussão, na primeira das visitas, onde se sublinha
que, já que a Comissão de fato mudou de caráter, se amplificou, foi para as
quatro empresas sob intervenção, ela deveria também ouvir, ver e perguntar
sobre os problemas gerais da empresa, conversar também com os funcionários, não
só com os interventores. Mesmo que não tenhamos o equipamento de uma CPI,
quanto mais perscrutássemos e fôssemos fundo na visita, mais elementos
poderíamos recolher, e inclusive, contradições, se assim fosse o caso. Quero
dizer que a missão apontará isso quando fizer o relatório, há explicações muito
consistentes sobre a situação de cada um dos funcionários demitidos, com ficha
funcional na mão, com o histórico dos conflitos que se colocaram, com a
responsabilidade deste, ou daquele, dentro de uma lógica. Qual é a lógica? É
uma lógica que na hora de fazer uma agitação, por um programa de rádio, de
buscar uma versão simples, se escamoteia. Nenhuma pessoa, de nenhum partido,
pode achar que a situação de intervenção não é uma situação tensa e
contraditória por definição. Quer dizer, desencadeado o processo, é claro que
existem os homens de confiança do empresário, e existe a tentativa de tomar em
mãos o controle da empresa, no sentido profissional e técnico do termo, e sob
esta tensão se organizam os trabalhadores, e sob esta tensão vacilam os
trabalhadores, humano e compreensível. Porque se o trabalhador pensar que a
intervenção veio por 15 dias, e que amanhã ele pode ter represálias, ele vai se
conduzir de uma determinada maneira. Então, se algum erro houve por parte da
intervenção da Prefeitura, foi não compreender, me parece que aconteceu nos
primeiros dois meses, que queiramos, ou não, há uma espécie de fato político
embutido aí, incontornável, os interventores devem ser homens capazes, com
capacidade de estabelecer organização e disciplina na intervenção, mas com
descortino e discernimento político, mas não político a favor do PT, ou do PTB,
não é isso. É ver qual a situação que está instalada e estabelecer, numa das
frentes importantes do processo uma relação adequada com os funcionários. A
mais importante relação é com o público que precisa do transporte, e a outra é
com as esferas políticas, nós, a principal delas, na Câmara de Vereadores. E o
que eu sei é que os interventores, a maioria deles com quem tivemos contato
nesta visita, são interventores que substituíram a primeira intervenção que era
feita por funcionários de carreira postos em cima de um barril de dinamite. Eu,
pessoalmente, e da maneira como sempre me comporto aqui, considero que isso foi
um erro nosso. Não pela idoneidade ou não, é que o problema era mais complicado
e a partir dos últimos dois meses, talvez do último mês e meio, na maioria das
empresas que nós visitamos se nota uma outra situação: nas visitas tivemos a
discussão com o interventor, a presença da comissão de funcionários, discussões
como lembro o caso da Trevo, à tarde, com todo o corpo técnico, alguns
contratados, outros já veteranos na empresa, etc. Então, a constatação que eu
fiz, que o ângulo dominante da situação não é aquele que levou a própria
formação de Comissões, ou seja, polêmicas, atritos e marginalização de alguns
funcionários que escolheram o caminho do obstáculo e da dificuldade da
intervenção por suas convicções pessoais ou por seus entendimentos com o antigo
patronato, mas é o outro lado. Eu tive – e não vou abusar e não quero ser
absolutamente demagógico neste sentido, mas para a minha ideologia, para minha
experiência pessoal, foi um momento muito grato. Estive nas visitas só na
segunda-feira, na Trevo e na VTC, para mim a quem a organização dos
trabalhadores é de um valor fundamental, para mim e para o meu Partido para
quem luta por uma consciência mais clara dos problemas é uma meta permanente
alcançar e ajudar a construir, não paternalmente, mas os processos concretos de
alta organização e organização dos trabalhadores, foi mesmo quase emocionante
ver como numa situação complicada dessas as coisas se modificaram e hoje dentro
da garagem a grande maioria do corpo de funcionários têm uma visão, escolher um
caminho, quer dizer, o empresário com quem eu tive uma conversa respeitosa e
cortês, reciprocamente, na semana passada, ele acha que tudo o que acontece
dentro da VTC em relação aos funcionários é uma mera, deve-se fazer por meio de
ameaças, por indução. Não é o que senti lá, quer dizer, eu não acho que os
funcionários trocaram de barco e se proponham a fornecer 10% voluntariamente de
seu salário para ajudar a encampação porque a dona Ruth os assustou. Não há por
que, não há como. Há uma lógica ali e eu posso não ser especialista que é
completamente clara. Isso significa que eles deviam ter uma opinião de como
eram tratados antes, ter opinião de como são tratados hoje e frente a esses
dois pólos que os puxam para um lado e para outro fizeram, não todos, uma
maioria importante uma certa escolha, um certo entendimento. Vi a mesma
situação na Trevo. Então, as três coisas principais que eu pude concluir, além de
toda uma série de documentos que nós temos aqui que nós vamos trabalhar com
eles nas próximas semanas, os documentos que provam a sonegação do fundo de
garantia, documentos que provam empréstimos de carros para partidos, sobre a
qual nós já temos tudo muito escrito, declarado com escrivão e tal, nós vamos
ver todas essas questões para o debate posterior, ficou este saldo, a
modificação da situação nas garagens, a confirmação por testemunho técnico que
nós assistimos lá, das técnicas de sabotagem onde que elas se deram e
codificadas com muita seriedade. Na Trevo, por exemplo, o técnico explicou os
problemas de sabotagem, diferencial, caixas de câmbio feitos apenas com uso
forçado da marcha e da quebra dos ônibus, e por fim o terceiro elemento que
todos aqueles temas mais estruturais e gerais que nós priorizamos nas nossas
intervenções, foram amplamente confirmados lá. No caso da Trevo, uma fraude
brutal na questão do IPK oscilando entre 10 a 12%, o que evidentemente coloca
que se havia fraude, havia caixa dois, se havia caixa dois havia toda uma certa
manipulação desse dinheiro, empréstimo, a venda de 52 ônibus para o Unibanco,
vendidos à vista e recomprados a prazo para poder sanar as situações
financeiras difíceis, alienação de 16 ônibus na Trevo pelas dívidas do INPS,
etc. Enfim, um quadro que eu acho que, se da tribuna eu já tinha convencimento
apoiado nos documentos que li, essa visita me deu outra força, outro
convencimento, outra relação com uma série de coisas que me pareciam
verdadeiras e que lá visitas ficaram muito mais consolidadas. Eu acho que isso
aí é uma experiência importante, e que a partir dela a Câmara terá que se
referir muito a esse Processo e aos documentos que dele advirão quando tiver
que decidir sobre o tema das intervenções. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O Sr. Presidente: Liderança com o PTB. Com a
palavra, o Ver. Luiz Braz.
O Sr. Luiz Braz: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu participei das visitas, principalmente no dia de ontem, às
empresas intervindas pelo Poder Público e, ouvindo aqui o Ver. Flávio Koutzii quando se referiu aos
empregados da garagem, dizendo que eles estão dando uma quota de colaboração
para que a intervenção possa dar certo, comecei a pensar que isso não se deve a
nenhum princípio ideológico ou a nenhuma modificação que não seja aquela
induzida exatamente pelo fator que faz com que muitas pessoas modifiquem sua
opinião: dinheiro. Ontem nós constatamos, lá na SOPAL, que os funcionários que
ganhavam 150 cruzados novos passaram a ganhar 700 cruzados novos. Essas
modificações fizeram com que aqueles funcionários estejam trabalhando com um
sorriso nos lábios. Achei isso altamente positivo, Ver. Adroaldo, não cito como
fator negativo, mas como fator positivo. O fator negativo de tudo isso, Ver.
Vieira da Cunha, é o fato de que, ao dar esses aumentos e querendo conter o
preço da tarifa, a intervenção comete uma erro crasso, porque não está fazendo
recolhimento do ISSQN e do IAPAS. Então, ficou bastante constatado ontem, nas
visitas feitas, que a tarifa que está sendo cobrada em Porto Alegre é uma
tarifa mentirosa. Porque não se pode, Ver. João Dib, conceber que a empresa se
exima do pagamento do ISSQN, a não ser quando tínhamos o PRODESCOL, o velho
PRODESCOL, que era tão criticado e que, na verdade, fazia com que esse ISSQN
servisse para renovação da frota. Eu até faço uma sugestão para o PT: que volte
a pensar no PRODESCOL, que volte a discutir o PRODESCOL, porque esse realmente
era um bom Projeto, porque fez com que boa parte da frota do transporte
coletivo da Cidade pudesse ser renovada. E nós notamos, agora, o seguinte: que
a frota continua sem nenhum tipo de renovação, inclusive a SOPAL, num estado
lamentável, com a vida útil da frota em 9 anos, praticamente estourando a vida
útil da frota e sem poder fazer renovação da frota. Quer dizer, a tarifa é
cumprida para agradar à população, de um lado, mas, na verdade, ela é
mentirosa. Os funcionários, nas garagens, realmente estão contentes e eu fiquei
contente com isso porque acho que operário deve ganhar bem, acho que esses
aumentos dados pelos interventores nas garagens é algo que, realmente, os
funcionários tinham que ganhar, agora, não pode dar o aumento só para que o
funcionário mude sua atitude frente ao trabalho que ele tem que desenvolver,
com relação à recuperação dos veículos e, ao mesmo tempo, não seja solucionado
o outro lado da questão que é, exatamente, o pagamento das obrigações a que todas as empresas estão sujeitas, como
é o caso desse Imposto Municipal, o ISSQN e, também, o IAPAS. Ontem, ainda, fiz
uma pergunta ao interventor da SOPAL para saber se ele achava que aquela tarifa
era suficiente para tocar o serviço. Ele disse que não, o próprio interventor
está reconhecendo que não. Depois recebi a explicação de que a tarifa não era
suficiente porque o estado da frota fazia com que fosse muito da tarifa para
que os ônibus pudessem estar rodando pelas ruas da Cidade. Mas isso não é real,
a frota está aí. Então, é preciso que se pratique uma tarifa que possibilite
que essa frota saia às ruas, rode e que os impostos sejam pagos, o que vai
desagradar à população, ou então terá que ser procurado um outro tipo de saída,
mas não exatamente a que está colocada aí, Ver. Adroaldo, porque a tarifa, de
acordo com as visitas que fizemos, não é capaz de pagar o serviço de transporte
coletivo que é executado na Cidade. Mas, aplaudo a intervenção, aplaudo o PT
pelos aumentos que deram aos empregados, todavia volto a dizer que essa não é a
solução definitiva para o caso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra, com o Ver. Cyro
Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ocupo esta tribuna, inicialmente, para ler um “A Pedido” divulgado
pela nossa imprensa no dia 3 p.p. de autoria dos funcionários do Departamento
de Trânsito. O “A Pedido” diz o segundo: (Lê.)
“Agentes Burocratas
A afirmação de que o DETRAN tem lotados 20%
dos Policiais Civis do Estado e que 80% dos processos disciplinares que
tramitam no Conselho Superior de Polícia “tratam de corrupção envolvendo problemas
nessa área”, publicada neste jornal em 24.06.89, na coluna ‘Crime e Castigo’, é
improcedente e de má-fé. Improcedente porque o DETRAN possui 285 funcionários,
dos quais 235 em atividades-fim (feitura de inquéritos de delitos de trânsito,
registro de veículos e habilitação de condutores, entre outros); de má-fé
porque a referida publicação atende aos interesses dos que querem a extinção do
DETRAN como órgão da Policia Civil.
Os usuários do DETRAN podem atestar sua
eficiência e probidade. O certificado do registro e a licença de veículo, por
exemplo, são expedidos no mesmo turno em que forem solicitados, quando em
outros estados da federação, tais documentos só são liberados trinta dias ou
mais após a solicitação. As acusações de corrupção, sempre sem fundamento,
partem daqueles que não tem atendidos seus interesses escusos e dos que se
beneficiam alardeando uma suposta burocracia do órgão.
(a) Funcionários do DETRAN/RS”
A nota divulgada pelos
funcionários daquele Departamento reflete a indignação dos mesmos com relação à
afirmação descabida, despropositada e injusta, formulada levianamente contra
eles, de modo irresponsável, e eles não tendo espaço na imprensa. Tiveram que
formular o seu repúdio através de um “A
Pedido”. Ora, dizer que 80% dos processos que tramitam no Conselho
Superior de Polícia indiciam a servidores do DETRAN, isso é uma mentira
deslavada, descabida, despropositada. Até porque o DETRAN possui apenas 5% dos
servidores totais da polícia. Então, essa indignação procede. Quando também fala
que o DETRAN possui, de outro lado 20% dos servidores da Polícia, também mente,
também disse uma inverdade. E contra elas, inverdades, procede, repito, a
indignação, a contrariedade daqueles que militam, que trabalham dentro do
DETRAN. Aqueles que lá trabalham lidam com carinho, com apreço por aquele
órgão, que hoje está automatizado, está informatizado, está todo ele dentro do
computador. Aos poucos o número de funcionários, proporcionalmente, se faz
menor porque o computador está dentro da área do registro de veículo, do
licenciamento, e por outras áreas daquele organismo. Quando nós vemos na
Constituinte Estadual algumas Emendas oferecidas pelos Nobres Deputados
Estaduais, na qualidade de constituintes, umas nós temos que aplaudir, outras,
todavia não. As duas oferecidas pelo Dep. José Fortunati, que eu acredito tenha
ele sido mal assessorado, tenha recebido informações sem sustentação fática a
par de não encontrar respaldo histórico. Os Srs. Vereadores sabem que os
serviços de trânsito estão atribuídos, desde 1896, desde 4 de janeiro desse
ano, através da Lei nº 11 assinada por Júlio de Castilhos como mera atribuição.
De lá para cá o DETRAN foi ocupando inicialmente a qualidade de Delegacia de
Trânsito e Acidentes, depois Diretoria Estadual de Trânsito, Divisão de
Trânsito, e hoje é Departamento de Trânsito. Depois oferece o Dep. José
Fortunati, mal-assessorado, porque ele é uma pessoa inteligente e esclarecida,
mas mal-assessorado acaba dizendo bobagem. Uma das emendas: o serviço de
trânsito, nos limites da competência do Estado, será realizado pela Brigada
Militar.
Ora, ele expõe, a partir, na sua justificativa, que o serviço de
trânsito ocupa 20% do efetivo da Polícia. Não entendo mais nada, pois se não
cabe na Polícia, muito menos na Brigada Militar. Ao invés dele sustentar que o
número de policiais dedicados ao Serviço de Trânsito é alto, e por conseguinte
deve repassar a atribuição para a Brigada, não entendo nada. A Brigada já tem a
sua atividade de caráter policial ostensivo, fardada, para atender, o que ele
teria que lutar é para que a Polícia tivesse no mínimo o efetivo previsto para
75, que é de 7.500 homens, e que hoje possui apenas 5.600. Mas, em cima disso
sustenta a sua posição para oferecer esta emenda ao projeto da Comissão de
Sistematização, não entendo. Só um assessoramento mal orientado, descabido,
despropositado, sem lucidez pode ter levado ele a oferecer uma emenda desta
ordem.
Outra Emenda que mostra que o Deputado sequer tem uma posição coerente,
firme, decidida, de certo modo contradiz a primeira. A segunda emenda do Dep.
José Fortunati diz o seguinte: inclua-se um novo artigo, na Sessão III, do
Capítulo I, do Título 4, onde couber: “O serviço de trânsito, exceto os
concernentes ao policiamento ostensivo, será exercido por autarquia estadual
criada para este fim.” Ele não tem convicção! Ou pela Brigada Militar, como ele
queria, ou por outro organismo. O que ele quer é subtrair um serviço que vem há
quase um século, de repente, proporcionado no âmbito do Estado pela Polícia
Civil, ele quer simplesmente retirar, não entendo por quê. Não acredito que o
Deputado José Fortunati não tenha a menor ligação com a área da polícia, nem da
Brigada, nem da segurança de um modo geral. Só posso entender que ele está
sendo assessorado por alguém que o está orientando, esclarecendo, informando
mal e levantando-o, inclusive, a proceder, dizer mentiras, infelizmente é isso
que concluímos a partir das Emendas que ele oferece à Constituinte Estadual.
Espero que consigamos colocar de vez, através dos nossos meios de comunicação
social, todas essas inverdades para que o quadro real, efetivo e justo se
imponha sobre equívocos, mentiras – equívocos e que o DETRAN permaneça onde ele
sempre esteve, no seio da Polícia Civil, ainda mais hoje que ele está
automatizado, amanhã praticamente meia dúzia de funcionários, apertando os
botões, farão andar prontamente. Quando de toda a sorte de dificuldades ele
esteve dentro da Polícia, e, agora, onde as atividades ficam mais fáceis, não
consigo entender posições de outra ordem, entretanto fica aqui, também, o meu
repúdio pessoal contra as posições como esta do nobre Deputado José Fortunati,
mal-assessorado. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, levantamos os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 12h25min.)
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